segunda-feira, 19 de março de 2012

Exploração: o trabalho precário em empresa de Itapajé


Depois de muitos e longos dias de trabalho você analisa o calendário e percebe que o carnaval está chegando e que, finalmente, você terá dois dias de folga. Parece até um sonho, praia, festas, viajens, e ... o pior acontece: seu patrão diz que não haverá feriado para você e para seus colegas! É um banho de água fria mas dá pra suportar, afinal ainda tem a quarta-feira de cinzas. Mas quem disse que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar? Também não será feriado. A sua vontade é de "chutar o balde"  e mandar seu patrão para aquele lugar, mas a necessidade de manter-se empregado é maior. A solução então é analisar novamente o calendário e torcer para que chegue o próximo feriado. E ele chega, dia 19 de Março, dia de são José, padroeiro do Ceará e, por incrível que pareça, você é privado de seus direitos novamente.

A situação relatada acima faz parte do cotidiano dos trabalhadores de uma fábrica de calçados na cidade de Itapajé, e eles já convivem com isso há muito tempo. Não há nenhuma ação sindicalista ou governamental que defenda ou que ao menos dê voz aos trabalhadores da fábrica, o que os tornam reféns de sua própria profissão.
Leia um trecho de um matéria disponível em:
http://passapalavra.info/?p=2879 

Que o capitalismo impõe à classe trabalhadora a exploração não é novidade nenhuma. A relação patrão-trabalhador sempre foi hierárquica e em benefício do primeiro, à custa do trabalho do segundo. Porém, pensou-se ter conseguido atingir um patamar em que os trabalhadores mantinham alguns direitos, nomeadamente a estabilidade do seu posto de trabalho, as “regalias” impostas pelo contrato de trabalho e o apoio da Segurança Social. Mas os tempos e as formas mudam, a exploração mudou – agora o trabalho é temporário, livre de direitos e com patrões intermediários.

O trabalho precário está, actualmente, generalizado. A OCDE [Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico, que reúne os países mais ricos] estima que 60% da força de trabalho a nível mundial é precária. Em Portugal são 900 mil os trabalhadores a recibos verdes [ver nota] com um horário de trabalho, que não fazem um trabalho propriamente temporário e específico. Os contratos a prazo, de 1, 2 ou 6 meses, são uma realidade crescente – e terminam normalmente quando atingem o limite de contratos temporários, em que o trabalhador é posto na rua porque as empresas não querem mais gente nos quadros.


Esta instabilidade está associada a um novo tipo de empresas que têm surgido: as empresas de trabalho temporário (ETT). São intermediários entre a empresa onde se trabalha e o trabalhador, ficando com parte do seu salário. Recrutam trabalhadores aos magotes e alugam-nos a outras empresas dos mais diversos ramos, públicas ou privadas.
À instabilidade laboral, que não permite aos trabalhadores organizarem a sua vida pessoal (sim, ela existe), associam-se os baixos salários, que se prolongam sem grandes actualizações. O trabalhador é flexível e pobre.

Este quadro que Itapajé se encontra é visível para todos e enquanto não houver atitudes eficazes para ao menos amenizar essa situação, ele irá continuar.

"Quem não reage rasteja".

Um comentário:

  1. O problema é que os funcionários se acomodados e acabam aceitando essa situação por acharem que não conseguirão algo melhor em nosso município,já que a situação do mesmo não os possibilita isso!!!!Como dizer;"MALDITO CAPITALISMO"!!!!!

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